Monday, December 18, 2006

Contradição

Toda afirmação é perigosa
Assim como toda negação o é
Prefiro ser relativo
Ainda que dizendo isso
Esteja de certa maneira
Afirmando algo
Mas se pudesse tomar
Uma decisão definitiva
Afirmaria a negação
Pois é um reflexo
Mais próximo da psiquê do homem
Quem em seu ser amorfo
Sempre nega para se afirmar

Solidão 01

Um homem talvez
Só possa encontrar-se na sua solidão
Ainda que não encontre nada
Porque estando com outros
Perde-se na solidão alheia

Sunday, December 17, 2006

Poema Prometido

Seu sorriso foi como uma manhã de sol
Depois de uma noite de tempestade
Senti que ainda havia esperança
E me tranquilizei para a batalha
Que me aguardava
Foi um leve engano
Que tornou tudo mais fácil
Nunca me enganei
Acerca de tuas intenções
Uma porta assim
Não se abre por acaso
Não digo que não me surpreendi
Mas o mais inusitado foi você
Quando todo o demais era previsível
E a imagem que sempre me persegue
Foi a responsável pelo reconhecimento
Um cálido sorriso
Sincero suave e sereno
Um sorriso que vinha da esquerda
E trazia consigo uma utopia
Que tatuou-se em mim
Como as suas palavras e os seus gestos
E como as utopias que não podem deixar de ser-lo

Anseio

Amanhã sairei com você
Mentirei para uns quantos
Acerca desse fato
Sorrirei quando você sorrir
E pensarei como já pensei
Que você poderia ser
A idealização que tanto busquei
Tantas coisas nos separam
E algumas nos atraem
Mas o verdadeiro muro
Foi erigido por nós mesmos
E só existe em nosso interior
Sei que as horas passarão
E provavelmente continuaremos iguais
Mas gostaria de ao menos uma vez
Poder estar dentro de ti
Provar dessa beleza única
Para além do meu deleite visual
Sentir a calidez da sua boca
E a textura da sua língua
Soprar disparates no teu ouvido
Morder os teus mamilos
Banhar-te em saliva e suor
Roçar o meu corpo no teu
E tocar o céu
Dividir em um cigarro
Confissões de pensamentos anteriores
Te vestir outra vez
Só para ter o prazer
De novamente te despir
E nessa segunda vez
Explorar cada detalhe
Cada milímetro do teu corpo
Sem nenhuma pressa
Com detimento
Perder-me no labirinto de você
E encontrar-me no desejo mútuo
Repetir tudo até o desfalecimento
Dormir com sua cabeça
Junto ao meu peito
E esperar que a aurora
Ilumine a nossa nudez cândida
E reacenda o desejo
Que não pode ser saciado
Apenas aplacado
Mas esse é um sonho
Que sonho sozinho
Porque amanhã apenas
Sairemos para um lugar qualquer...

Sonho

Se todos os dias
Me absorvessem assim
Se eu aflorasse em tinta
E desenhasse sentimento
Eu me transformaria em palavras
E desenharia meu retrato
Numa folha em branco
Com a liberdade de mudar-me
E acrescentar-me
Apagar-me
Ou mesmo
Guardar-me num canto qualquer
De uma estante qualquer
Que amarelaria com o tempo
Ou seria devorado por vermes
Voltando assim a primeira fase
De uma vil existência
Sem que nem porque.

Fortaleza Niilista

Fujo de mim mesmo
Como quem foge da morte
¿Ou será da própria vida?
Crio escusas para continuar
Não fazendo o que nunca fiz
Planejo uma vida
Idealizo um amor
Que nunca terei!
E levo comigo
O espírito daqueles
Que mais fracos do que eu
Fazem da minha mentira
A sua mentira
E nessa relação torpe
Eu me fortaleço
Tornando-me para mim mesmo
E para os outros também
O mais fraco dos fracos
O super-homem niilista
Aquele que foge de alcatraz
Para ser um mito
Apenas um mito
Nada mais que um mito...

Friday, December 08, 2006

Hoje a leitura me serviu de ópio
E por alguns instantes
Me esqueci do insoso que é viver...

Léo e Tel

A vida é feita de poesia
E uma rima me chamou a atenção
Não sei se por esses acasos que não se explicam
Ou pelo destino que dizem existir
Léo e Tel
Léo rima com céu
Tel rima com mel
Léo o todo fofo
Tel a toda bonita

Tuesday, December 05, 2006

Um eu desiludido

Todas as manhãs serão manhãs de surpresas?
Quão afortunado sou eu...
Sem merecer semelhante dádiva...
Não me faço de rogado,
É que realmente não vejo mérito
Em semelhante vida,
Que nunca há criado nada,
A não ser a ilusão nos olhos alheios
Vivendo de falsos anseios
Provocando sorrisos verdadeiros...
Queimando a vida
Desperdiçando o dom da confiança...
Mas há uma boa escusa
A escusa da inconsciência
Que não reitera
Nem a torna justa
Mas que a transforma em anjo
Num pueril estado de ingenuidade
A espera da consciência diabólica
E do momento da redenção social
Que considera a malícia
Como culminar da experiência
Nem sei o que pensar…

Sunday, December 03, 2006

Outras Imagens....

Como podemos criar tanto amor
Imaginar tanta coisa antes mesmo de viver
E ver tudo se desfazer com a facilidade mesma que a construímos
A diferença é que sofremos na segunda opção
A diferença é que na construção
Gozamos verdadeiramente
De um momento divino
Pois estamos criando a vida
Estamos inventando um mundo
Mas no momento da desconstrução
Tudo é tão diferente
Tudo é tão doloroso
E o amor só retorna quando encontramos
Novamente algo para reconstruir
Que bom que sou deus
Que bom que a construção tem seus sete dias
Que bom que posso construir quantos mundos quiser
Ou melhor...
Quantos forem possíveis
Amanha construirei um novo mundo
E não deixarei de fora nenhum detalhe
Serei feliz em cada segundo
E farei tudo como se fosse a primeira vez
Já não me lembrarei dessas linhas soltas
E não vou me ater as coisas superficiais
Desenharei você como eu sempre sonhei
E se porventura esse mundo se desconstruir
Não me darei por vencido
Voltarei a te desenhar
E te desenharei quantas vezes forem possíveis
Mesmo que eu nunca chegue ao desenho ideal
Mesmo que eu nunca alcance a sua imagem perfeita
Continuarei te desenhando
Porque você dá alento a minha vida
E fora de ti não sou eu mesmo
Sou apenas o vil desejo de voltar a ti
Minha imagem....

Imagens...

Olhos refletidos no espelho
Vêem uma imagem carregada
Um brilho vago
Uma imagem que encerra um mundo
Um mundo interno
De esperanças e de frustrações
De alguém que já teve tudo
De alguém que não teve nada
De alguém que se enganou sozinho
De alguém que já viu a verdade
E descobriu o quão mentirosa era essa imagem
Um olhar que vê dois olhos
E vê o que quer ver
O ópio que dá alento
Por momentos tão breves
Quanto o dessas linhas
É um olhar cálido
É um olhar cândido
É um olhar perdido
Na distância que separa
O homem que olha
Da imagem que se reflete
Buscando entender
Qual das duas é imagem
Se é que as duas não o são.

Wednesday, November 29, 2006

O espelho da falsidade

Ainda guardo na lembrança
O último olhar de esperança
As lágrimas que dos teus olhos desciam
E os sentimentos que em mim moviam
Não davam a idéia
Do que de fato ocorria
Por dentro eu morria
Mas por fora eu sorria
Tu ficastes com meu sorriso
Achando que era isso
Pensando que eu era forte
Triste sina, triste sorte
Ainda continuo
Chorando por dentro e sorrindo por fora
Levando triste por ai afora
O sorriso que em mim aflora
Pois te perdi outrora
E minto para toda gente
Que sou feliz e contente
Com esse sorriso intermitente
Que me esconde e mente.

Friday, November 17, 2006

Escritos antigos...03

Mais um dia
Como tantos outros
Pensamentos desencontros
Eu nem sei o que pensar
Porque eu deveria saber?
Talvez eu esteja deslocado
Sem saber o que fazer
Todos têm objetivos
Criados na ilusão
Que se encaixa em alguma coisa
Que lhes dá alguma razão
Mais eu não quero ter
Um motivo para ser
Mais na multidão

O Nascimento do Poeta...

Eu me tornei poeta
Quando escrevi a primeira linha

Thursday, November 16, 2006

As cartas que eu escrevo - 02

As cartas que eu escrevo - 02
Por mais duras e contraditórias que possam soar estas palavras
Elas estão carregadas em essência pelo amor que sinto por você
Não quero brincar com seus sentimentos
Não quero que você se iluda com o tom das minhas palavras
A bem da verdade o que eu lhe disse sobre meus sentimentos
Não era o reflexo real e fiel do que eu realmente sinto
Senão uma imagem distorcida do que eu gostaria realmente de ser e sentir
Não que eu não te ame
Ao contrário
Por te amar quis ser tudo o que eu te disse
E deixei de ser eu mesmo para ser uma idealização
Não a sua idealização
Mas a minha idealização do tipo de homem que te faria feliz
Infelizmente a minha idealização te agradou
E acho que você acredita que esse sou eu
Mas feliz ou infelizmente eu percebi que esse não sou eu
O lado ruim de tudo isso é que não podemos seguir vivendo esta farsa
Porque as conseqüências posteriores podem ser ainda mais dolorosas.
Talvez você me odeie por algum tempo
Talvez não queira mais falar comigo.
Sinceramente eu espero que passado o turbilhão de sentimentos contraditórios
Você consiga captar o quão importante é para mim
O quanto eu gosto de você
O medo é um sentimento irracional e em certo sentido prejudicial
Por temer perder você
Eu criei este reflexo
O medo essencialmente é um sentimento de preservação
Mas não quero te preservar pelo medo de te perder
Senão pelo amor
E por te amar quero a tua felicidade
E hoje sei que não posso te fazer feliz
Se não estiver assentado na verdade
Abro mão da minha idealização
Para então saber o que é que vai restar...

Esse cara sabia o que falava

Estou tentando apenas convencer-vos, aos mais jovens e mais velhos, de que não deveis preocupar-vos com os corpos, com as riquezas ou com alguma outra coisa antes de vos preocupardes primeiramente com a alma, de forma que se torne o melhor possível, afirmando que a virtude não nasce das riquezas, mas da própria virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto privados como públicos.
PLATÃO, Apología de Sócrates

As cartas que eu escrevo - 01

Escrever uma carta, aliviar a saudade que me corrói, tentar passar o tempo, não é o motivo mais glorioso este que move meus dedos, mas o sentimento que carrego cá dentro tem boa índole.
Apesar de encontrar-me perdido e dividido entre uma desesperança mal tratante e um amor que me consome, sinto que sou uma das poucas pessoas atormentadas por esse mal da consciência... Porque poucas pessoas têm consciência.
Cada dia eu me sinto mais amargurado e menos propenso a acreditar em quaisquer possibilidades de recuperação e salvação de nossa mal fadada espécie, mas como uma incoerência da vida, vivo dias de muito amor.
Na verdade não vivo dias de muito amor, vivo muito amor, e vivo com muito amor, a minha preocupação e a minha tristeza são provas de como amo estes que não sabem e ou não podem amar.
Homens perdidos no tempo e no espaço, caminhando a espera de sua morte, porque já são mortos, ainda que não saibam apenas vivem a espera insólita daquela que acreditam ser a única certeza da vida, a morte.
Eu não espero a morte, eu não espero nada, não anseio ser rico, porque a riqueza dos nossos dias é tão efêmera que seu brilho cintilante já se apagou das minhas órbitas tão pronto reconheci sua natureza volátil.
Não sei o que sou, e não vejo porque ser alguma coisa num mundo onde ninguém é coisa alguma, onde a aparência das coisas lhes denota um sentido tão fugaz que não posso fazer mais do que rir tristemente pela superficialidade na qual nos tornamos.
Ninguém é algo em essência, somos a imagem de um mundo pré-fabricado, onde nossos artefatos e nossa indumentária definem aquilo que somos, sem deixar muito espaço para um conhecimento íntimo de cada pessoa.
Somos imagens definidas quase sempre em primeiras impressões, tão superficiais quanto à relação que estabelecemos com o mundo que criamos para nós mesmos, um mundo onde o instantâneo é à regra.
Pessoas dizem frases prontas e vivem politicamente corretas na falsa ilusão de que este é o sentido maior da vida, sem questionar os porquês, apenas alegrando-se quando assim manda a regra ou entristecendo-se pelo mesmo motivo.
Estamos tão condicionados que não somos capazes de pensar por nós mesmos, e o mundo viveria o caos se por algum motivo tivéssemos que formular juízos e opiniões que não estivessem dentro do esquete.
Felizes eram os dias em que eu não sabia de nada, noite que me aprazia e não me deixava duvidas de que o que eu vivia era o que deveria estar vivendo e de que o mundo não passava da esfera da minha consciência.
Estava certo em apenas um aspecto, exatamente o de que o mundo não passava da esfera da minha consciência, eu só não sabia que não possuía consciência, e hoje não sei que grau de consciência possuo.
Mas a historia que eu percebo continua sendo somente aquela á qual minha consciência consegue captar e sei que as fronteiras não foram muito alargadas, apenas o suficiente para que eu possa ver que a vida vai mais além.
Talvez o segredo de tudo esteja no amor, porque somente o amor pode libertar Contrariamente ao que muitos dizem que o amor é as amarras do homem penso que é o segredo desta vida.
Mais mesmo amando continuo sentindo-me dividido, entre a felicidade que possuo e a tristeza que me rodeia, e como não posso deixar de ser sentimental, me sinto incapaz de levar amor a todos os rincões.
Então me resta a dúvida: Se o destino do homem é encontrar, sentir e espalhar o amor, como devo reagir ao sentimento de impotência em realizar tão homérica tarefa em meio a um mundo de alienados?

Wednesday, November 15, 2006

Pensar o tempo...

Cada minuto
É a eterna espera
De estar mais um minuto
Com você
E cada minuto com você
É a ânsia de conhecer a alquimia
De converter o tempo
Em tempos intermináveis
De transformar o relógio
Em nosso mais fiel serviçal...

Ilusão...

Num momento iluminado
Ela apareceu para mim
Sorriu seu sorriso cândido
E me deixou paralisado
Tive a impressão
De ser completado
De que toda a sabedoria
Toda a beleza
E todas as palavras
Faziam parte do meu ser
Queria sair por ai
E escrever tudo ao mesmo tempo
Fazer tudo de uma única vez
Fui arrebatado pela convicção
De que eu era Deus
Criei um novo destino para a humanidade
Canonizei a todos os filósofos
E outorguei o poder aos poetas
Sacralizei as mulheres
E escravizei os homens
Como escravos do amor
Redefini todos os paradigmas
E recoloquei o homem no centro do universo
Mas foi somente por um instante...
E o sorriso cândido se desfez
Meu mundo se desvaneceu
E no instante seguinte
Eu era um homem
Com um pedaço de papel
Um caneta
E algumas linhas
Escritas a esmo....

Monday, November 13, 2006

O Porque...

Algo que move meus dedos
Algo que sinto por ti
E que move meus espirito
Move minhas atitudes
Dá sentido a tudo isso que vivo
Cria um porque para meus porques
Efemera condicao
Que muda constantemente
Que tem mil caras
Mas que se basta com sua imagem
Que faz tudo parecer organizado
Que faz tudo parecer ordenado
Que camufla a verdade
A verdade volátil
Volátil como todas as verdades
Frágil como as descisoes de cada instante
Mas que me faz avancar
Em passos que parecem premeditados
Com gestos que parecem ensaiados
E que no fundo escondem
O quao tudo é improvisado
Simplesmente me satisfazem
Porque sao respostas sinceras
Refletindo uma consciencia austera
Que pensa amar
Que pensa viver
Que pensa sentir
Mas que verdadeiramente
Nao consegue pensar
Porque verdadeiramente nao sabe amar
Porque em tempos como os nossos
Nao se pode pensar
Nao se pode amar
Nao se pode sentir
A consciencia que tenho
É a consciencia que me forjaram
A percepcao que possuo
É a percepcao que nao percebe
E os pensamentos que me libertam
Sao justamente as correntes que me aprisionam
Sou escravo deste circulo dialético
Onde a dialética nao existe
E o meu engano em ti
É o alento e a mascara que me fazem seguir

Palavras

Um oceano de coisas para serem escritas
Eu eu escrevendo palavras.

O Tempo

A vida vai escorrendo
Por entre horas fátuas
Em alguns instantes
Raros instantes
Parece adquirir objetivo
Um cintilante objetivo
Mas sao cintilacoes curtas
Porque logo advém a monotonia
E tudo volta a ser
Desprovido de sentido

Um momento capturado

A idealização era tão grande
Como se pode explicar isso
Não há palavra que possa definir
Não há gesto que possa explicar
A idealização se tornou pequena
Mas a sensação se mostrou maior
Não foram necessárias palavras
Não foi necessário pedir permissão
Os primeiros atos foram rápidos e roubados
Os seguintes demorados e lânguidos
A volúpia caminhava ao redor da cama
E mergulhava entre nossos corpos
Nunca houve prazer maior
Ninguém soube o que nos foi revelado
Esse segredo pode ser visto no seu olhar
Pelos olhos daquele que você escolheu
E daquele momento ficou a sensação e o desejo
De que todos os outros sejam maiores e mais intensos...

Friday, November 10, 2006

PARA COMEÇAR BEM

Uma boa história tem sempre um bom começo.
Desde a primeira vez que nos vimos, alguma coisa aconteceu,
Dizem que bons amigos não se fazem, se reconhecem,
E chegamos a pensar muitas vezes nisso, antes de trocar as primeiras palavras.
Pois cada encontro e cada olá apressado, carregava uma impressão de que aquilo iria mais longe
O momento perfeito teve que ser musicado, e selou o nascimento de uma irmandade.
Por mais que o tempo insista em marchar a sua marcha inexorável,
A irmandade sempre estará ai, pois o vínculo não é casual, nem temporal,
Ele é um vínculo...