Wednesday, February 21, 2007

Perdido na solidão

Não posso imaginar solidão maior que a minha
Vivendo na cidade mais populosa do mundo
Caminhando por entre um deserto de homens
Vivendo minutos falsos com falsas amizades
Amando minutos falsos com falsos amores
Tentando fugir da minha solidão
Escondendo-me na solidão alheia
Sendo apenas mais um rosto na multidão

Tuesday, February 20, 2007

Tempos depois...

Ela me perguntou se era possível
Eu não soube responder
Mas essa dúvida me acompanhou
Por muito tempo
Porque não era uma pergunta qualquer
Involucrava a totalidade e a significação
Questionava não para satisfazer-se
Nem somente para ter o que falar
Significa para ela
Uma tomada de postura
Uma luz, um caminho
Ou pelo menos um rumo
Que teria conseqüências
Em todos os atos futuros
Assim como qualquer ato cotidiano
Que não se encera em si
Mas determina as possibilidades vindouras
E a resposta que eu não ofereci
Determinou ações e reações
Marcou o nosso caminho
De maneira indelével
Nos separou em duas estradas
Voltadas a direções contrárias
E apenas hoje eu consegui
Pensar na significação daquele momento
E no peso daqueles palavras
Que com o passar das horas
Dos dias e dos meses
Transformaram-se em uma rocha
Cravada no meu peito
Quase irremovível
Asfixiando meu desejo de amar
Impedindo que eu me levantasse
Apenas hoje eu entendi
Que muito do que sou agora
Começou a esboçar-se e levantar-se
E definir-se e a obstruir-me
Depois daquela frase mecânica
Aquele gesto banal
E que eu pensava
Quase que inconsequente
Me afoguei sem perceber
Que tinha mergulhado num poço
De paredes largas e escorregadiças
Num poço no qual eu só podia me afogar
Mas como um castigo
Eu me tardei em perceber
E o sofrimento também se deu
Em doses crescentes
Uma morte interna
Lenta e sem solução
Onde o único caminho
Era apressar o trágico
Mas nem isso eu pude fazer.

O que eles estarão pensando..

Penso no que estarão pensando agora
Pessoas que como eu pasmam o tempo
Se consumindo na fumaça de um cigarro
E tentando retratar-se em palabras
Se identificando com as notas
De uma canção qualquer
Alternando-se entre a solidão e a melancolia
Fazendo planos para o amanhã
Que sempre será o amanhã
Esperando o cair da chuva
Na esperança de que ela leve embora
Toda sujeira e beleza
Para que em branco
Possam sujar-se outra vez
Esperando uma ligação
Esperando a sua alma gêmea
Esperando um futuro
Que só existe dentro de suas cabeças
Vivendo como num sonho (in)consciente
Pensando o que os outros estarão pensando
E relegados a talvez eternamente
Não ultrapassar este momento
O de viver idealizando

Monday, February 19, 2007

Whisky e cigarros...

Me restam três cigarros
E a noite mal começou
Sinto um peso esmagador
Como se cada palabra
E cada segundo
Estivessem carregados
Com todas as lágrimas
Com todo o sofrimento do mundo
Sinto sede
Tenho a boca seca
Mas no congelador
Não há gelo para o meu whisky
E essa parece ser
A tarefa mais árdua
De todos os tempos
Olho para o relógio
E não percebo o tempo
Não sei se o relógio parou
Ou se eu me metamorfoseei
Neste instante estático
O certo é que continuo pensando
Nos meus três cigarros
E no whisky sem gelo
Que me fazem companhia

Sou???

Só existo no pensamento alheio
Sou uma incógnita para mim mesmo

Busca Vã...

Não sei o que anseio
Às vezes acho que me contento
O sorriso que sempre aparece
Torna mais amena essa sensação
Mas os olhares vagos
Que cruzam com o meu
Deixam claro a vanidade
De caminhar buscando algures
Respostas que sei não existirem
E mesmo que existissem
Não mudariam nada
Não trariam nem mesmo o alento
De caminhar com outra estampa
Pois seria apenas uma outra
Falsa verdade
Envolvida em outras incógnitas
Baseadas na eterna contradição
Do ser...