Friday, September 14, 2007

Saudades

Saudades...
Da mulher que idealizo....
Da mulher que dorme todo dia comigo em meus sonhos
Apesar de acordar sempre sozinho...
Dos sonhos que sonhamos juntos e ainda nao tiveram a chance de se realizar...
Dos afetos e desafetos que podemos viver um dia...
Do cotidiano que a gente nem chegou a se entediar...
De um beijo que meu corpo queimava...
De um toque que me arrepiava...
Das duas criancas que corriam sorrindo no corredor de uma casa branca...
De um cachorro com pintas pretas que corria alegremente por um jardim gramado...
Das brigas na alcova de dois corpos inflamados de desejo lutando pelo prazer mútuo...
E de tudo aquilo, que pode ser o nosso sonho...
Saudades...

Tuesday, July 31, 2007

Amanhã

Amanhã há de ser muito melhor
Vislumbro o céu, vislumbro o mar
Vislumbro algo melhor que o agora
Porque clima pior não pode haver
Amanhã é uma nova chance
Que não desperdiçarei
Abrirei os olhos para o sol e direi:
- Bem vindo!
Aqueles que me atiraram pedras
E construíram seu castelo na areia
Verão que o tempo é o pai da verdade
E esse tempo já não importará
Porque agora me defendo da mentira
Não alimento a serpente que me ameaça
E ataco de frente a blasfêmia
O sol já vem chegando
A noite fria esta ficando para trás
Foi a primeira noite que dormi só em muito tempo
Mas foi a primeira noite que me senti dono de mim
Foi a primeira vez que dormi tranqüilo
Vendo a maré se agitar contra mim
Enquanto eu descansava na sombra
Percebi que ela só era perigosa
Se eu corresse para ela
Já não escuto as vozes do desespero
Nem do egoísmo mentiroso
Que me chamavam cantando suave
Como sereias em mares desconhecidos
Me arrastavam ao fundo lentamente
Enquanto eu sorria feliz
Alienado da morte lenta e dolorosa
Que elas infligiam ao meu ser
Hoje tapei meus ouvidos
Fechei os meus olhos
E calei-me, sem dar explicações
Só espero o dia de amanhã
O sol que promete vir
E a sensação prazenteira a ele intrínseca

Assumindo as rédeas

Tenho que voltar a ser eu mesmo
Ter a consciência de para onde vou
Ou pelo menos de para onde quero ir
Dominar o meu destino indômito
E não me deixar ser dominado
Pelas paixões que assolam meu espírito
Escondidas em palavras de afago
Numa falsa preocupação para comigo
Disfarçando o egoísmo apaixonado
Que as faz puxarem-me pelos pés
Arrastarem-me para esse buraco
E esconder-me em seus anseios
Cada dia mais me perco nessa estrada
E só posso sair desse ciclo vicioso
Tomando um outro rumo
Fugindo dessa concatenação imposta
Com ares de liberdade e amor
Negando aquilo que tanto me custa
E começando desde um outro ponto
Mirando a outros objetivos
Tendo claro desde antemão
Que já não permitirei que me escravizem
Ainda que me torne escravo de minhas próprias paixões
Também serei amo e mestre daquilo que me aprisiona
Serei eu mesmo desde o primeiro momento

Friday, July 20, 2007

Words....

Um poema que trata do seu tempo
Só pode ter vida curta
E tão curta será sua vida
Na mesma medida
Na medida proporcional
Em que ele retratar esse mesmo tempo
O tempo se esvai
O homem permanece
As palavras devem advir
Desse lugar comum
Que não podemos definir
Mas que nos dota de humanidade
Que nos expõe aos mesmo drama
Que nos faz compartilhar a pequenez
De estarmos tão perdidos
Quanto a nebulosa para além dos limites da Via Láctea
Não deve ser de fatos, mas de palavras
Porque as palavras permanecem
E sua infinita capacidade de mutar
Confere a elas esse fôlego que as faz permanecer

Eternidade

Se eu me fosse na tarde de hoje
Talvez amanha alguns dessem por minha falta
Mas o mais provável é que a vida siga inalterada
Pois as moléculas que hoje me compõem
Permaneceriam neste mesmo lugar
Transformadas, adaptadas, porem vivas
Que elas já não se agrupem escrevendo a cerca de si mesmas
Não limita nem elimina o potencial de vida intrínseco a elas
Como se fosse uma piada,
Sorrio de mim mesmo
Sorrio do raciocínio que me engana
Por poucos segundos
Mas tempo suficiente para semear a soberbia
De crer haver encontrado o segredo da eternidade
Que residiria em estar sempre aqui
Nas moléculas que não morrem
Mas se transformam
Retomo o lugar de origem
E a seriedade agora me invade
Se amanha eu daqui me fosse
O mundo continuaria a sua marcha inexorável
Inalterado, inabalado pela minha transformação...

Desejo

Palavra esguia e sedutora
Sentimento complexo
Capaz de uma avalanche transformadora
Ou do recalcitrante avesso
Alguns em seu nome tornam-se revolucionários
Outros pela mesma bandeira frios reacionários
Momento que pode ser de perda do controle
Ou de arquitetura de dominação
Independe da nossa índole
Ficamos a mercê dos caprichos da paixão
Ganha um misto de significados
Torna-se norte dos desorientados
A tentação dos fracos
O terror dos pseudoracionais
E a realização dos banais
Indiscutivelmente é o triunfo da vontade
Despe a nossa personalidade
E a indumenta a seu bel prazer
Que é o caminhar pelo que fazer
É anulação do ser racional
E a consagração do irracional
Celebrado pela burguesia
Exaltado pelo capitalismo
Nosso Eldorado contemporâneo
Que só pode ser ouro de tolo
Pois simula o preenchimento do vazio
Camufla mal e porcamente
A única verdade que ele vende
O slogan invertido do sistema
"Não se pode comprar a felicidade"

Tuesday, May 29, 2007

Algumas Palavras Sobre o Amor

Não devemos preocupar-nos com a intensidade do sentimento alheio
Isso é algo que independe de nossa vontade
Devemos isso sim, preocupar-nos em dar amor na maior medida possível
Isso já é tarefa das maiores
E se o outro recebe isso, já se cumpre a tarefa do amor,
Visto que amor é dar, sem esperar em troca
Amor é devoção, amor é religião
E não troca e espera e idealização
Mas fazer simplesmente pelo prazer de amar
E saber que nisso já se está amando plenamente
Porque o amor não depende do outro
Não amamos somente se formos amados na mesma medida
Porque isso é comércio, troca, escambo o que se quiser chamar
Mas não é amor
Porque quem ama não espera
E porque não se pode dar na mesma medida
Simplesmente porque essa medida não existe
A medida de amar é amar sem medida
O amor medido é apenas o retrato imperfeito do que achamos ser justo,
Ser de bom senso, ser adequado
Mas sempre nos equivocamos, porque se buscamos medidas
Não amamos sem fronteira mas nos limitamos
E se buscamos comparar para dar
Não daremos o que verdadeiramente trazemos dentro de nós
Mas apenas uma fração e infelizmente, a pior fração
Comprometida, interessada e desvirtuada
Devemos amar sem esperar nada do outro,
Com a exceção de esperar que ele seja feliz
Porque se o outro receber o nosso amor, já será lindo
Se fizer algo motivado por nosso amor, será maravilhoso
E se der amor pelo mesmo motivo, isso será a realização
E se nesse mar contraditório chamado amor
Onde anular-se pelo outro é o que traz a nossa felicidade
Pensando na felicidade primeira desse outro,
Se mesmo em face de tamanha contradição,
Conseguimos nos libertar na felicidade de amar dando amor
Vencemos o mais difícil dos obstáculos
E ultrapassamos a nossa época e a nós mesmos,
Vencendo aos sarcásticos deuses que puseram o amor no nosso coração
Mas não nos ensinaram a amar.

Friday, May 18, 2007

Onofra

Ela passou como quem queria passar
Mas no fundo ela sempre quis ficar
Olhava para todos, com aquele olhar
Que somente quem olhou para aqueles olhos
Entende o que eu quero falar

Emanava alegria
Mesmo quando desvanecia
E com tamanha euforia
Que foi primeiro que todos
Para não ver que nenhum dos seus morria

Era feliz na simplicidade
Não gostava de ostentação
Só queria todos em sua casa
E todos lhe dando atenção

Fazia comida com amor
Temperava o frango com dedicação
Fritava pro seu velhinho
E para nós fazia o seu molhinho
Sempre tão gostosinho
Numa receita que levou com ela

Uma mulher que amava ser amada
E que sempre exigia dedicação
Mais eis que uma vil enfermidade
Lhe enfraqueceu no físico
E chegou ao mais íntimo do coração

Um lutador
Em seu âmago enfraquecido
Deixou de bater a contragosto
Já que por nós lutava
E não se dava por vencido

Ela partiu numa manhã de sol
Porque não gostava de chuva
E hoje descansa à sombra de uma árvore
Como quem dorme no sono dos justos

Mas deixou-se ficar
Porque não queria ir
No falar de um louro
Na caduquês de meu avô
Em todos os espaços da velha casa
E nos corações dos que não a deixam ir

Wednesday, April 25, 2007

Devaneios Apucaranenses

Voltei a mover meus dedos
Para tentar escrever você
Obrigado por sorrir para mim
E alimentar-me de ânimo

Anseio ultrapassar as palavras
Que só me servem de ópio
Nos momentos de tua ausência

Buscam construir uma ponte
Que atravesse o mar da distância
E nos una definitivamente

Para então nesse momento sagrado
Confirmarmos se é real ou se é miragem
Deste deserto que atravessamos
Em busca do amor maior

Só desejo uma oportunidade
De tocar-te os lábios
Com os meus lábios

E se desta oportunidade
Fizer-se amor
Repousar no tranqüilo do teu mar
Ancorado ao cais do teu corpo

Anseios

Talvez um dia
O céu tome uma conformação tal
Que a junção das estrelas
E dos planetas
Confabulem para unir
Aquilo que tanto foi idealizado
E nesse dia nada mais será importante
Porque atingiremos o ápice de nossos anseios

Tuesday, April 24, 2007

Noite Apucaranense

Seu sorriso me desfaleceu
Apareceu numa noite qualquer
Em que a máxima promessa
Era perder-se nuns goles

Quis fingir que não era comigo
Tentei ser maior que aquele momento
E no meu despeito tonto
Te conquistei para outro

Até me alegrei em te ver alegre
Até me alegrei em ver a alegria
Mas por trás do meu sorriso até sincero
Só existia a mágoa e a melancolia

Preferi enganar-me no tempo
Que devagar se esvaia
E no meu ouvido soprava
- Sou a musa dos pacientes.

Wednesday, February 21, 2007

Perdido na solidão

Não posso imaginar solidão maior que a minha
Vivendo na cidade mais populosa do mundo
Caminhando por entre um deserto de homens
Vivendo minutos falsos com falsas amizades
Amando minutos falsos com falsos amores
Tentando fugir da minha solidão
Escondendo-me na solidão alheia
Sendo apenas mais um rosto na multidão

Tuesday, February 20, 2007

Tempos depois...

Ela me perguntou se era possível
Eu não soube responder
Mas essa dúvida me acompanhou
Por muito tempo
Porque não era uma pergunta qualquer
Involucrava a totalidade e a significação
Questionava não para satisfazer-se
Nem somente para ter o que falar
Significa para ela
Uma tomada de postura
Uma luz, um caminho
Ou pelo menos um rumo
Que teria conseqüências
Em todos os atos futuros
Assim como qualquer ato cotidiano
Que não se encera em si
Mas determina as possibilidades vindouras
E a resposta que eu não ofereci
Determinou ações e reações
Marcou o nosso caminho
De maneira indelével
Nos separou em duas estradas
Voltadas a direções contrárias
E apenas hoje eu consegui
Pensar na significação daquele momento
E no peso daqueles palavras
Que com o passar das horas
Dos dias e dos meses
Transformaram-se em uma rocha
Cravada no meu peito
Quase irremovível
Asfixiando meu desejo de amar
Impedindo que eu me levantasse
Apenas hoje eu entendi
Que muito do que sou agora
Começou a esboçar-se e levantar-se
E definir-se e a obstruir-me
Depois daquela frase mecânica
Aquele gesto banal
E que eu pensava
Quase que inconsequente
Me afoguei sem perceber
Que tinha mergulhado num poço
De paredes largas e escorregadiças
Num poço no qual eu só podia me afogar
Mas como um castigo
Eu me tardei em perceber
E o sofrimento também se deu
Em doses crescentes
Uma morte interna
Lenta e sem solução
Onde o único caminho
Era apressar o trágico
Mas nem isso eu pude fazer.

O que eles estarão pensando..

Penso no que estarão pensando agora
Pessoas que como eu pasmam o tempo
Se consumindo na fumaça de um cigarro
E tentando retratar-se em palabras
Se identificando com as notas
De uma canção qualquer
Alternando-se entre a solidão e a melancolia
Fazendo planos para o amanhã
Que sempre será o amanhã
Esperando o cair da chuva
Na esperança de que ela leve embora
Toda sujeira e beleza
Para que em branco
Possam sujar-se outra vez
Esperando uma ligação
Esperando a sua alma gêmea
Esperando um futuro
Que só existe dentro de suas cabeças
Vivendo como num sonho (in)consciente
Pensando o que os outros estarão pensando
E relegados a talvez eternamente
Não ultrapassar este momento
O de viver idealizando

Monday, February 19, 2007

Whisky e cigarros...

Me restam três cigarros
E a noite mal começou
Sinto um peso esmagador
Como se cada palabra
E cada segundo
Estivessem carregados
Com todas as lágrimas
Com todo o sofrimento do mundo
Sinto sede
Tenho a boca seca
Mas no congelador
Não há gelo para o meu whisky
E essa parece ser
A tarefa mais árdua
De todos os tempos
Olho para o relógio
E não percebo o tempo
Não sei se o relógio parou
Ou se eu me metamorfoseei
Neste instante estático
O certo é que continuo pensando
Nos meus três cigarros
E no whisky sem gelo
Que me fazem companhia

Sou???

Só existo no pensamento alheio
Sou uma incógnita para mim mesmo

Busca Vã...

Não sei o que anseio
Às vezes acho que me contento
O sorriso que sempre aparece
Torna mais amena essa sensação
Mas os olhares vagos
Que cruzam com o meu
Deixam claro a vanidade
De caminhar buscando algures
Respostas que sei não existirem
E mesmo que existissem
Não mudariam nada
Não trariam nem mesmo o alento
De caminhar com outra estampa
Pois seria apenas uma outra
Falsa verdade
Envolvida em outras incógnitas
Baseadas na eterna contradição
Do ser...

Wednesday, January 17, 2007

Ningun lugar

En el reflejo de mi mismo
No veo más que oscuridad
Ya me he buscado en todos lados
Ya esperé que me encontrara a mi mismo
Y en el culminar de mi desesperación
Creé un Dios a mi imagen y semejanza
Que como no quedaba de otra
Reflejó fielmente la imagen de su creador
Este Dios no me pidió mucho
Apenas que yo ya no preguntara
Porque para aplacar mi angustia
Sólo podria ofrecerme
Aquello de que disponia
Sentime igualmente huérfano
Pero más destrozado
Porque en este instante supe
Que nunca sabria
Lo que buscaba saber

Monday, January 15, 2007

En Ti

En tu boca
Mis besos se vuelven mojados
En tu piel
Mis manos se pierden
En tu cuerpo
Mi cuerpo se eriza
En tu oído
Deletreo el placer
En tu cabello
Jalo al ritmo del deseo
En tu cuello
Mi lengua dibuja el mar
En tus piernas
Camino rumbo al paraiso
Y en tu placer
Me muero satisfecho...
En saber que tu placer
Es nuestro placer

Wednesday, January 10, 2007

Disparates

Alguém de humor tétrico
Uma vez me dissa em rima
Um poema não precisa ser métrico
Nem você nem sua sina

Sua unica fuga é as letras
Não use muitas cores
Perca-se nas negras
E invente os seus amores

Não compre nenhum remédio
Fale da sua solidão
Dos momentos de tédio
E da sua escravidão

Descreva os seus pensamentos
Ainda que não faça sentido
Escreva sem ressentimento
E não procure abrigo

Pois esse será o lugar
Onde você será sincero
Limpido como um bonito luar
Íntegro e austero

Talvez não te traga felicidade
Isso é o mais provável
Mas escreva sem piedade
E sua atitude já será muito louvável

O Hoje

Ando meio desaparecido
Acho que é o reflexo do momento que vivo
Como passa ciclicamente comigo
Tenho meus momentos mais interiorizados
Em que só quero estar comigo mesmo
Nesses momentos não apelo a nenhuma fuga
E só me perco em pensamentos
Que na grande maioria das vezes
São labirintos que não me levam a lugar algum
Entao eu me pergunto
E outra vez me deparo com o vazio
Pois sei que minhas respostas
Não são mais que paliativos
Para diminuir a dor
E a confusão
Desses momentos que sempre voltarão
Perguntando e perguntando....

A pergunta

O grande ópio que mantém inerte o homem.

Mina suas forças e o pacifica.

Transforma-o em peça de uma máquina muito complexa

Em que ele alienado de si mesmo

Não faz mais que seguir o pastor de ovelhas...

Mas quem é o pastor de ovelhas?

Eis a pergunta....