Tuesday, July 31, 2007

Amanhã

Amanhã há de ser muito melhor
Vislumbro o céu, vislumbro o mar
Vislumbro algo melhor que o agora
Porque clima pior não pode haver
Amanhã é uma nova chance
Que não desperdiçarei
Abrirei os olhos para o sol e direi:
- Bem vindo!
Aqueles que me atiraram pedras
E construíram seu castelo na areia
Verão que o tempo é o pai da verdade
E esse tempo já não importará
Porque agora me defendo da mentira
Não alimento a serpente que me ameaça
E ataco de frente a blasfêmia
O sol já vem chegando
A noite fria esta ficando para trás
Foi a primeira noite que dormi só em muito tempo
Mas foi a primeira noite que me senti dono de mim
Foi a primeira vez que dormi tranqüilo
Vendo a maré se agitar contra mim
Enquanto eu descansava na sombra
Percebi que ela só era perigosa
Se eu corresse para ela
Já não escuto as vozes do desespero
Nem do egoísmo mentiroso
Que me chamavam cantando suave
Como sereias em mares desconhecidos
Me arrastavam ao fundo lentamente
Enquanto eu sorria feliz
Alienado da morte lenta e dolorosa
Que elas infligiam ao meu ser
Hoje tapei meus ouvidos
Fechei os meus olhos
E calei-me, sem dar explicações
Só espero o dia de amanhã
O sol que promete vir
E a sensação prazenteira a ele intrínseca

Assumindo as rédeas

Tenho que voltar a ser eu mesmo
Ter a consciência de para onde vou
Ou pelo menos de para onde quero ir
Dominar o meu destino indômito
E não me deixar ser dominado
Pelas paixões que assolam meu espírito
Escondidas em palavras de afago
Numa falsa preocupação para comigo
Disfarçando o egoísmo apaixonado
Que as faz puxarem-me pelos pés
Arrastarem-me para esse buraco
E esconder-me em seus anseios
Cada dia mais me perco nessa estrada
E só posso sair desse ciclo vicioso
Tomando um outro rumo
Fugindo dessa concatenação imposta
Com ares de liberdade e amor
Negando aquilo que tanto me custa
E começando desde um outro ponto
Mirando a outros objetivos
Tendo claro desde antemão
Que já não permitirei que me escravizem
Ainda que me torne escravo de minhas próprias paixões
Também serei amo e mestre daquilo que me aprisiona
Serei eu mesmo desde o primeiro momento

Friday, July 20, 2007

Words....

Um poema que trata do seu tempo
Só pode ter vida curta
E tão curta será sua vida
Na mesma medida
Na medida proporcional
Em que ele retratar esse mesmo tempo
O tempo se esvai
O homem permanece
As palavras devem advir
Desse lugar comum
Que não podemos definir
Mas que nos dota de humanidade
Que nos expõe aos mesmo drama
Que nos faz compartilhar a pequenez
De estarmos tão perdidos
Quanto a nebulosa para além dos limites da Via Láctea
Não deve ser de fatos, mas de palavras
Porque as palavras permanecem
E sua infinita capacidade de mutar
Confere a elas esse fôlego que as faz permanecer

Eternidade

Se eu me fosse na tarde de hoje
Talvez amanha alguns dessem por minha falta
Mas o mais provável é que a vida siga inalterada
Pois as moléculas que hoje me compõem
Permaneceriam neste mesmo lugar
Transformadas, adaptadas, porem vivas
Que elas já não se agrupem escrevendo a cerca de si mesmas
Não limita nem elimina o potencial de vida intrínseco a elas
Como se fosse uma piada,
Sorrio de mim mesmo
Sorrio do raciocínio que me engana
Por poucos segundos
Mas tempo suficiente para semear a soberbia
De crer haver encontrado o segredo da eternidade
Que residiria em estar sempre aqui
Nas moléculas que não morrem
Mas se transformam
Retomo o lugar de origem
E a seriedade agora me invade
Se amanha eu daqui me fosse
O mundo continuaria a sua marcha inexorável
Inalterado, inabalado pela minha transformação...

Desejo

Palavra esguia e sedutora
Sentimento complexo
Capaz de uma avalanche transformadora
Ou do recalcitrante avesso
Alguns em seu nome tornam-se revolucionários
Outros pela mesma bandeira frios reacionários
Momento que pode ser de perda do controle
Ou de arquitetura de dominação
Independe da nossa índole
Ficamos a mercê dos caprichos da paixão
Ganha um misto de significados
Torna-se norte dos desorientados
A tentação dos fracos
O terror dos pseudoracionais
E a realização dos banais
Indiscutivelmente é o triunfo da vontade
Despe a nossa personalidade
E a indumenta a seu bel prazer
Que é o caminhar pelo que fazer
É anulação do ser racional
E a consagração do irracional
Celebrado pela burguesia
Exaltado pelo capitalismo
Nosso Eldorado contemporâneo
Que só pode ser ouro de tolo
Pois simula o preenchimento do vazio
Camufla mal e porcamente
A única verdade que ele vende
O slogan invertido do sistema
"Não se pode comprar a felicidade"