Friday, May 18, 2007

Onofra

Ela passou como quem queria passar
Mas no fundo ela sempre quis ficar
Olhava para todos, com aquele olhar
Que somente quem olhou para aqueles olhos
Entende o que eu quero falar

Emanava alegria
Mesmo quando desvanecia
E com tamanha euforia
Que foi primeiro que todos
Para não ver que nenhum dos seus morria

Era feliz na simplicidade
Não gostava de ostentação
Só queria todos em sua casa
E todos lhe dando atenção

Fazia comida com amor
Temperava o frango com dedicação
Fritava pro seu velhinho
E para nós fazia o seu molhinho
Sempre tão gostosinho
Numa receita que levou com ela

Uma mulher que amava ser amada
E que sempre exigia dedicação
Mais eis que uma vil enfermidade
Lhe enfraqueceu no físico
E chegou ao mais íntimo do coração

Um lutador
Em seu âmago enfraquecido
Deixou de bater a contragosto
Já que por nós lutava
E não se dava por vencido

Ela partiu numa manhã de sol
Porque não gostava de chuva
E hoje descansa à sombra de uma árvore
Como quem dorme no sono dos justos

Mas deixou-se ficar
Porque não queria ir
No falar de um louro
Na caduquês de meu avô
Em todos os espaços da velha casa
E nos corações dos que não a deixam ir

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